Entre cometas, planetas, milhares de estrelas, galáxias e constelações, existe um planeta chamado "Terra", onde habitam seres humanos de diversos nomes. Eles se acham insignificantes ao se darem conta de que são como um entre os milhares grãos de areia, comparados a imensidão do universo. Talvez isso se dê ao fato de que o ser humano é uma criatura finita com senso suficiente para aceitar a sua finitude. Ele sente-se admirado quando se depara com uma vista esplêndida que mostra a imensidão do mundo em que habita, talvez porque ali, reconhece sua pequenez.
Sente-se maravilhado pois está diante de algo sublime a qual não sabe explicar, algo grandioso e perfeito.
Isso me faz pensar como seria a reação de um ser humano se pudesse se deparar, se seus olhos pudesse enxergar de fato, a imensidão que é todo o universo, com todas as galáxias e constelações. Escaparia muito mais que um "uau" ou não escaparia palavra alguma?
Porém, acredito que não é preciso o ser humano estar diante de todo o universo para admirar-se com ele. O homem admira-se facilmente, de longe, com as estrelas no céu (mesmo sabendo que elas já estão mortas). Ou então, com o pôr-do-sol, com o céu cheio de nuvens, ou com as flores e árvores que o cercam. Admirar-se diante do sublime é inerente aos seres humanos, mas, eles diferenciam-se em graus. Alguns não precisam de muito, basta olharem para o céu para se sentirem extasiados; já outros, seja porque habituaram-se á ele, não sentem qualquer admiração ao olharem para o céu. Mas, com certeza, admirariam-se se pudessem estar na ponta de um abismo e enxergar lá em baixo a infinitude de todo o universo.
Carl Sagan, cientista, astrônomo, astrofísico, cosmólogo e escritor, autor de "Cosmos" disse uma vez:
"Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você."
A partir disso, quero puxar um eixo para tratar de um assunto mais específico, - e menos poeticamente. A série Cosmos que foi produzida por Carl Sagan e sua esposa, foi regravada em uma nova versão por Neil deGrasse Tyson. E desde então parece ter inspirado muitos a aderirem á uma religião ateísta. Sim, isso mesmo, pois pressupor uma filosofia do naturalismo para a origem do universo é uma religião. Ao invés de aceitar o modelo padrão do big bang, o que implica um Criador transcendente, Carl Sagan decidiu escolher uma alterna baseada na fé do universo, que tenta evitar um Criador.
Tem-se espalhado a ideia de que pessoas religiosas atrapalham o desenvolvimento da ciência. Mas é o contrário, foram os cristãos religiosos que em grande parte, foram responsáveis pelo nascimento da ciência moderna. Existem casos que mostram que na verdade, foram os naturalistas que barraram o pensamento crítico sobre se a ciência desmente a religião do naturalismo.
Mas o objetivo aqui não é adentrar no naturalismo especificamente, pois já falei sobre isso nesse vídeo:
O que quero discorrer é sobre o seguinte: Será que a imensidão do universo nos mostra que a terra e tudo o que nela habita é insignificante?
Há uma propaganda muito bem difundida que diz que as "recentes" descobertas científicas nos revelam que o universo é imenso, e que os resultados disso nos levam a crer que se há um Deus, ele não se importa conosco. Porém, C.S Lewis em seu livro Milagres nos diz que essas descobertas não são tão recentes assim...
"Há mais de 1700 anos, Ptolomeu ensinou que em relação à distância das estrelas fixas a Terra deve ser considerada como um ponto sem qualquer magnitude. Seu sistema astronômico foi universalmente aceito da Idade Média. A insignificância da terra era tanto um lugar comum para Boethius, o rei Alfredo, Dante e Chaucer, como o é para H.G Wells ou o Professor Haldane. Quaisquer declarações em contrário na moderna literatura são devidas a ignorância."
Ora, essa insignificância da terra em relação ao espaço já foi confirmada por filósofos cristãos e comentada por cristãos durante certa de quinze séculos, admitindo de uma forma ou de outra que isso não entra em conflito com sua teologia. Por que então esse argumento, de que a imensidão do espaço é contrário ao cristianismo, acaba seduzindo tantas pessoas?!
Quero atentar ainda para uma outra questão: a de que, mais uma vez utilizada para propaganda ateísta, se o universo estiver repleto de outras vidas além das nossas, então a ideia de que Deus pudesse se interessar pela raça humana a ponto descer do céu, é completamente ridícula.
Aí chego a conclusão de que isso se trata de uma desonestidade imensa. Pois não importa qual das duas alternativas é a correta, seja qual for a verdade, se utilizarão dela para fazer objeções ao cristianismo, mesmo que essas objeções não façam qualquer sentido. O que quer seja, será usado contra Deus.
C.S Lewis discorre o seguinte:
"(...) homem algum, suponho eu, jamais chegou à loucura de pensar que o ser humano, ou toda a criação, enchesse a mente divina; se somos insignificantes em relação ao tempo e ao espaço, estes são ainda menores para Deus."
Pois bem, comete-se um erro ao acreditar que o cristianismo pretendesse de qualquer forma dissipar o espanto ou a sensação de insignificância que nos traz quando pensamos na imensidão do espaço. De que forma isso afeta a crença no cristianismo?! Pois o cristianismo não possui a crença de que as coisas foram feitas para o homem, mas sim que Deus ama o ser humano, e por isso se fez homem e morreu. Portanto, por que o conhecimento que temos desde os dias de Ptolomeu afeta a credibilidade do cristianismo?
Além do mais, se for admitido que algo tão pequena como a Terra é insignificante para merecer a atenção de Deus, poderei eu, como cristã, responder que jamais supôs que fui digna e mereci essa atenção. Cristo não morreu pelos homens por eles serem dignos dessa morte, mas porque a natureza de Deus é amor e por isso, os ama infinitamente.
E mais: por que o tamanho de algo diz alguma coisa sobre sua importância ou valor?
Se dissermos que a importância de algo é proporcional ao seu tamanho, então pequenas diferenças de tamanho seriam acompanhadas em pequenas diferenças de importância, assim como também, as grandes diferenças. De forma que um homem de 1,80 teria mais importância do que um homem de 1,60, e como diz Lewis, o que todos sabem ser tolice. Fruto de uma confusão mental.
Por fim, voltando para algo mais poético...
"Os homens sensíveis observam temerosos o céu quando a noite desce, mas os estúpidos e insensíveis não são afetados. Quando o silêncio do espaço eterno aterrorizou Pascal, foi a grandeza do próprio Pascal que permitiu isso."
O que me faz concluir que, os seres humanos ficam admirados diante de algo sublime e grandioso por reconhecer sua própria pequenez, mas isso só é possível devido a sua própria grandeza!
Como eu disse no inicio do post, se um homem pudesse estar na beira de um abismo onde pudesse enxergar lá embaixo a infinitude do universo ficaria imensuravelmente admirado e até perplexo. Pois bem... Imagine quando estiver este homem, diante de Deus.
Referências:
LEWIS, C.S. Milagres. Editora Vida, 1947. 216 p.
Belo post!
ResponderExcluirQuando você diz que os homens podem se admirar por apenas observar as estrelas, eu sei que é verdade, e que, talvez, só quem estuda pode comprovar. Eu me lembro a primeira vez que peguei minha luneta e a apontei para as estrelas, foi uma experiência emocionante, chegou a cair lágrimas dos meus olhos de tanta alegria.
Sucesso pra você Beatriz!
Faz tempo que essa questão da imensidão do universo vem me intrigando pq tive o desprazer de relacionar valor com tamanho. Quando assisti os primeiros eps de Cosmos com toda aquela computação gráfica mostrando que o ser humano é um nada perto de todo o universo, senti um vazio, uma espécie de efeito overview dentro da minha casa, rs. Ler seu texto foi esclarecedor, fez bem pra alma. Obrigada.
ResponderExcluirMuito corajosa, falar sobre cientista importantes, atraem uma onda de "criticas" e até ofensas graves , te admiro muito , parabéns pelo seu trabalho.
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