sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

O AMOR DIVINO ENCARNADO: A SAGRADA EUCARISTIA COMO SACRAMENTO DE CARIDADE



“O amor Divino Encarnado: A Sagrada Eucaristia como sacramento de Caridade” é uma obra escrita pelo Cardeal Raymond Burke, publicado em 2017 pela Editora Ecclesiae. Esse livro trata-se de um tratado espiritual que resume o Magistério do Papa João Paulo II, em sua encíclica Ecclesia de Eucharistia, e do Papa Bento XVI em sua Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis. 

A matéria tratada neste livro é preciosíssima para a compreensão da Sagrada Eucaristia em plenitude. Ultrapassando a fronteira conceitual, estende-se á reflexões teológicas e filosóficas a respeito das relações existentes entre o Corpo de Cristo, a Santa Igreja, os Sacramentos, a Virgem Santíssima e a vida espiritual e pessoal do cristão, que deve ser moldada pela Comunhão com Cristo. É através da participação sacramental no Banquete Eucarístico que o cristão é capaz de melhor compreender o que fazer para evangelizar, em um mundo ateu, materialista e secular – missão tão defendida pelo Papa São João Paulo II.
A hóstia, que é alimento espiritual de nossas almas, é a nossa força e deve ser um sinal de esperança, como coloca o Papa:
“Nós sinais humildes do pão e do vinho transubstanciados no seu corpo e sangue, Cristo caminha conosco, como nossa força e viático, e torna-nos testemunhas de esperança para todos. Se a razão experimenta os seus limites diante deste mistério, o coração iluminado pela graça do Espírito Santo intui bem como comportar-se, estranhando-se na adoração e num amor sem limites” (Ecclesia de Eucharistia, n°62).
A primeira parte, após o prefácio e a introdução, é dedicada a reflexões sobre a Ecclesia de Eucharistia, encíclica que manifesta a Eucaristia como “fonte e centro da vida cristã”. Nessa seção, há um destaque para aquilo que é a Eucaristia e para a sua função na Igreja.

A verdade profunda que se esconde no Sacramento da Sagrada Eucaristia é “a sua inseparabilidade da Paixão, da Morte e da Ressurreição de Cristo”, que se encontra na Santa Missa, sacrífico do Calvário. Por isso, comungar não é simplesmente participar do Banquete Eucarístico, é “uma participação no sacrifício de Cristo”, pois, o sacrifício do Calvário e o sacrifício da Missa são indissociáveis. Para crer neste mistério de fé, é necessário ao cristão a verdadeira fé, que vê além do véu das espécies do pão e do vinho, para enxergar Nosso Senhor Jesus Cristo substancialmente presente nas espécies transubstanciadas pelo Sacerdote, que atua in persona Christi, em comunhão com o Espírito Santo.

A última Ceia, que é a primeira Eucaristia, continua a se repetir em cada Santa Missa celebrada pelo mundo, sustentando assim a unidade da Igreja, dos vários membros de Cristo. Ao comungar, tornamo-nos um só corpo com Cristo – Cabeça e membros, - portanto, nos unimos com todos os nossos irmãos e irmãos no mesmo amor.

Esta repetição da Última Ceia evidencia a apostolicidade da Eucaristia, a qual “chegou até nós através da sucessão ininterrupta do ministério apostólico”. O Sacramento da Ordem, instituído por Cristo antes de sua Paixão, preserva o sacrifício da Missa e permite a comunhão com Cristo a aqueles batizados que convergem com a fé Católica e estão aptos a receber a Sagrada Eucaristia. Para obter esta “mínima dignidade”, todos os esforços e toda reverência nunca é excessiva. Nada melhor do que recorrer àquela que é a “mulher eucarística”, Mãe de Deus, quem primeiro recebeu a Eucaristia. Através de sua maternidade eclesial e da escola de Seu Imaculado Coração, ela pode nos levar a ter uma verdadeira Comunhão com seu Filho e a oferecer uma perfeita ação de graças – inspirada nos moldes do Magnificat.

O Papa São João Paulo II ainda nos recorda da dignidade da celebração Eucarística, a qual deve ser inspirada na Última Ceia: simples e solene. “Ela é o modelo para os ritos que foram se desenvolvendo na Igreja ao longo dos séculos cristãos”, que por sinal, acabaram por sofrer alguns abusos pela criatividade e adaptação dos sacerdotes. O conteúdo dessa matéria foi muito bem exposto pelo Papa Emérito Bento XVI, em sua Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, em que coloca a estrutura da celebração Eucarística, apresentando as exigências que devem ser respeitadas pelo Padre e, também, observando algumas dificuldades e problemas que ocorrem durante a Santa Missa, as quais surgiram após o Concílio Vaticano II (exemplo: inculturação).

Além disso, o Cardeal Ratzinger deixa claro o modo do cristão prosseguir para ter uma participação ativa, plena e frutuosa na Missa, que se resume em estar profundamente interiorizado, recolhido e em silêncio durante alguns momentos; e também em realizar jejum eucarístico e a confissão sacramental.

Toda esta obra, escrita pelo Cardeal Burke, chama a atenção para a verdade sobre a Sagrada Eucaristia, que é o Sacramento central da Igreja, sendo fonte e centro da vida cristã. O livro é capaz de conduzir o leitor cristão a compreender verdadeiramente Nosso Senhor sacramentado e a eficácia de sua comunhão, e a sentir-se levado a ter uma vida eucarística, de caridade perfeita.

Para finalizar, deixo-vos uma fala do Papa São João Paulo II, que exprime a verdadeira adoração que devemos ter diante de Nosso Senhor Jesus sacramento:
“Diante desta extraordinária realidade ficamos atônitos e abismados: como é grande a humildade condescendente com que Deus Se quis ligar ao homem! Se nos detemos comovidos diante do Presépio contemplando a Encarnação do Verbo, como exprimir o que se sente diante do altar onde, através das pobres mãos do sacerdote, Cristo torna presente no tempo o seu Sacrifício? Só nos resta ajoelhar e em silêncio adorar este mistério supremo da fé.” (São João Paulo II, Carta do Santo Padre aos Sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa de 2004, 28 de março de 2004, n° 2).


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