“O amor Divino Encarnado: A Sagrada Eucaristia como
sacramento de Caridade” é uma obra escrita pelo Cardeal Raymond Burke,
publicado em 2017 pela Editora Ecclesiae. Esse livro trata-se de um tratado
espiritual que resume o Magistério do Papa João Paulo II, em sua encíclica Ecclesia de Eucharistia, e do Papa Bento
XVI em sua Exortação Apostólica Sacramentum
Caritatis.
A matéria tratada neste livro é preciosíssima para a
compreensão da Sagrada Eucaristia em plenitude. Ultrapassando a fronteira
conceitual, estende-se á reflexões teológicas e filosóficas a respeito das
relações existentes entre o Corpo de Cristo, a Santa Igreja, os Sacramentos, a
Virgem Santíssima e a vida espiritual e pessoal do cristão, que deve ser
moldada pela Comunhão com Cristo. É através da participação sacramental no
Banquete Eucarístico que o cristão é capaz de melhor compreender o que fazer
para evangelizar, em um mundo ateu,
materialista e secular – missão tão defendida pelo Papa São João Paulo II.
A hóstia, que é alimento espiritual de nossas almas, é a
nossa força e deve ser um sinal de esperança, como coloca o Papa:
“Nós sinais humildes do pão e do vinho transubstanciados no seu corpo e sangue, Cristo caminha conosco, como nossa força e viático, e torna-nos testemunhas de esperança para todos. Se a razão experimenta os seus limites diante deste mistério, o coração iluminado pela graça do Espírito Santo intui bem como comportar-se, estranhando-se na adoração e num amor sem limites” (Ecclesia de Eucharistia, n°62).
A primeira parte, após o prefácio e a introdução, é
dedicada a reflexões sobre a Ecclesia de
Eucharistia, encíclica que manifesta a Eucaristia como “fonte e centro da
vida cristã”. Nessa seção, há um destaque para aquilo que é a Eucaristia e para
a sua função na Igreja.
A verdade profunda que se esconde no Sacramento da Sagrada
Eucaristia é “a sua inseparabilidade da Paixão, da Morte e da Ressurreição de
Cristo”, que se encontra na Santa Missa, sacrífico do Calvário. Por isso, comungar
não é simplesmente participar do Banquete Eucarístico, é “uma participação no sacrifício
de Cristo”, pois, o sacrifício do Calvário e o sacrifício da Missa são indissociáveis.
Para crer neste mistério de fé, é
necessário ao cristão a verdadeira fé, que vê além do véu das espécies do pão e
do vinho, para enxergar Nosso Senhor Jesus Cristo substancialmente presente nas
espécies transubstanciadas pelo Sacerdote, que atua in persona Christi, em comunhão com o Espírito Santo.
A última Ceia, que é a primeira Eucaristia, continua a se
repetir em cada Santa Missa celebrada pelo mundo, sustentando assim a unidade da Igreja, dos vários membros
de Cristo. Ao comungar, tornamo-nos um só corpo com Cristo – Cabeça e membros,
- portanto, nos unimos com todos os nossos irmãos e irmãos no mesmo amor.
Esta repetição da Última Ceia evidencia a apostolicidade da Eucaristia, a qual “chegou
até nós através da sucessão ininterrupta do ministério apostólico”. O Sacramento
da Ordem, instituído por Cristo antes de sua Paixão, preserva o sacrifício da
Missa e permite a comunhão com
Cristo a aqueles batizados que convergem com a fé Católica e estão aptos a receber
a Sagrada Eucaristia. Para obter esta “mínima dignidade”, todos os esforços e toda
reverência nunca é excessiva. Nada melhor do que recorrer àquela que é a “mulher
eucarística”, Mãe de Deus, quem primeiro recebeu a Eucaristia. Através de sua
maternidade eclesial e da escola de Seu Imaculado
Coração, ela pode nos levar a ter uma verdadeira Comunhão com seu Filho e a
oferecer uma perfeita ação de graças – inspirada nos moldes do Magnificat.
O Papa São João Paulo II ainda nos recorda da dignidade da
celebração Eucarística, a qual deve ser inspirada na Última Ceia: simples e
solene. “Ela é o modelo para os ritos que foram se desenvolvendo na Igreja ao
longo dos séculos cristãos”, que por sinal, acabaram por sofrer alguns abusos pela criatividade e adaptação dos
sacerdotes. O conteúdo dessa matéria foi muito bem exposto pelo Papa Emérito
Bento XVI, em sua Exortação Apostólica Sacramentum
Caritatis, em que coloca a estrutura da celebração Eucarística,
apresentando as exigências que devem ser respeitadas pelo Padre e, também, observando
algumas dificuldades e problemas que ocorrem durante a Santa Missa, as quais
surgiram após o Concílio Vaticano II (exemplo: inculturação).
Além disso, o Cardeal Ratzinger deixa claro o modo do
cristão prosseguir para ter uma participação ativa, plena e frutuosa na Missa, que se resume em
estar profundamente interiorizado, recolhido e em silêncio durante alguns
momentos; e também em realizar jejum eucarístico e a confissão sacramental.
Toda esta obra, escrita pelo Cardeal Burke, chama a atenção
para a verdade sobre a Sagrada Eucaristia, que é o Sacramento central da Igreja,
sendo fonte e centro da vida cristã. O livro é capaz de conduzir o leitor
cristão a compreender verdadeiramente Nosso Senhor sacramentado e a eficácia de
sua comunhão, e a sentir-se levado a ter uma vida eucarística, de caridade perfeita.
Para finalizar, deixo-vos uma fala do Papa São João Paulo
II, que exprime a verdadeira adoração
que devemos ter diante de Nosso Senhor Jesus sacramento:
“Diante desta extraordinária realidade ficamos atônitos e abismados: como é grande a humildade condescendente com que Deus Se quis ligar ao homem! Se nos detemos comovidos diante do Presépio contemplando a Encarnação do Verbo, como exprimir o que se sente diante do altar onde, através das pobres mãos do sacerdote, Cristo torna presente no tempo o seu Sacrifício? Só nos resta ajoelhar e em silêncio adorar este mistério supremo da fé.” (São João Paulo II, Carta do Santo Padre aos Sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa de 2004, 28 de março de 2004, n° 2).
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