terça-feira, 9 de janeiro de 2018

AMOR: ONDE TUDO COMEÇOU



Nada mais doce do que o amor, nada mais forte, nada mais sublime, nada mais amplo, nada mais delicioso, nada mais perfeito ou melhor no céu e na terra; porque o amor procede de Deus, e em Deus só pode descansar, acima de todas as criaturas. (Imitação de Cristo, Tomás Kempis, p.124)

Nada existe verdadeiramente e subsiste sem o amor. Já com o amor, tudo permanece e subsiste para sempre. Pois o amor, é o fundamento e princípio de toda criação. Toda criatura que pisa sobre a terra foi criada em um transbordar de amor advindo dAquele que é o próprio Amor. Assim, toda criatura fora criada no amor, pelo amor e para o amor. Sendo este o fim último para o qual fomos concebidos, sendo esta a vocação de todo ser humano: amar. Amar e ser amado. Tudo gira em torno deste ciclo de amor, que começou e só pode começar nAquele que é em essência pura e em totalidade perfeita o próprio amor: Deus, o Criador.

Diante de um mar abrigado de pontos de interrogação ambulantes, é natural nos perguntarmos "Por que eu fui criado?" ou "Para que fui criado?". Estas respostas que procuramos jamais serão encontradas se não nos voltarmos àquilo que transcende toda a criação, e as respostas jamais serão verdadeiramente compreendidas se não voltarmos nosso olhar para dentro de nós ao sermos tocados por Aquele que transcende a criação. É só quando o Eterno toca o finito que as ondas do mar de dúvidas se acalmam, pois, o finito é capaz de enxergar à infinidade que experimentará em relação com o Eterno. Relação esta que sempre fora sonhada por Ele, mas que fora rompida por um desejo pobre, tornando o que era infinito finito.

Nós, finitos, nós desejamos subsistir sem o Amor, mas esta é a ordem de tudo que há: nada subsiste sem o amor. Porque tudo é sujeito à corrupção se estiver fundamentado naquilo que é em si corrupto ou sujeito à corrupção. No entanto, tudo o que está fundamentado naquilo que é incorruptível, jamais será extinguido. E o que é incorruptível?! O amor! O amor não tem fim, e ele é por si mesmo difuso; deseja ser difundido, propagado, compartilhado, derramado. O amor não se contém em si mesmo, ele quer transbordar! E nós somos frutos desse transbordar do amor, de tal forma que o nosso alvo e propósito é o amor. E de tal forma que nada nos satisfaz se não antes o amor nos satisfazer. Nosso eu clama por amor em um grito de desespero, porque ficar aquém do amor é ficar aquém de si mesmo. Ao voltarmo-nos para o amor, há um encontro com nós mesmos e com aquilo que nos constituiu no princípio. Tudo então entra em perfeita harmonia e sintonia, pois está em concordância com o propósito da criação. Na criação, Deus nos gera e é por isso que estamos ligados à Deus e tudo o que carregamos reside nEle, de forma que só nEle encontramos aquilo que precisamos.

O homem decidiu se distanciar do Amor e tudo o que surgiu a posteriori foi angústia, dor e sofrimento. O que poderia ser feito para essa distância se extinguir se o homem tornou-se aquilo que há de mais incompatível com o amor? Não seria possível por méritos próprios ou esforço próprio que o homem se aproximasse novamente do amor, porque distante do amor ele estava, e portanto, não tinha força nenhuma; era corrupto e estava fundamentado sob a corrupção. Seria necessário que a solução viesse daquilo que tem mais força: o Amor. E o Amor, sendo doação e não se contendo em si mesmo, decide se doar. O Amor decide se doar em favor daqueles que tinham se afastado dele, mas que o desejavam mais do que tudo. O Amor aproxima os necessitados de amor para uma comunhão com Ele. A partir dessa comunhão, que ocorre entre o finito e o Infinito, todos as demais relações de amor, mesmo que finitas, tornam-se possíveis. Porque uma vez que fomos tocados pelo amor divino e somos por ele alimentado dia-a-dia, nada fará com que ele se contenha em si, e então ele desejará se transbordar, e muitos serão os tocados por esse amor nesse derramamento.

No princípio era o Amor, e o Amor se rebaixou ao finito para se doar pelos que eram finitos, tornando-os infinitos no amor.

Viver em comunhão com o amor: eis a máxima perfeição, o que há de mais sublime, mais amplo, mais delicioso e melhor no céu e na terra. 

Escrito por Beatriz Back

4 comentários:

  1. Não tenho palavras para expressar o que sentia quando meus olhos passaram por tão belas palavras e frases.Muita emoção sentia e sinto agora! Espero guardar este texto junto com ele as emoções para sempre em meu coração! Deus abençoe você! Uma grande escritora👏

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  2. Que lindo! Que palavras tão inspiradas. Nosso coração se abrasa de alegria!!

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