Cada ser humano
possui dentro de si um jardim, ou um jardim em potência, pois a natureza humana
segue as leis da jardinagem, necessitando de um cultivo frequente que visa um
nascer e renascer diário. Para tal, é indispensável entender que as flores e os
frutos não nascem de imediato, mas levam um tempo determinado, e é o amor que
faz isso acontecer, que faz as flores florescerem e os frutos amadurecerem. O
amor é o adubo, mas de pouco o vale, se o jardineiro não dominar as técnicas
necessárias para o cultivo: paciência, perseverança, confiança... E mais do que
boas habilidades, é necessário coragem e inteligência, para perceber que
existem plantas venenosas enrustidas de boa aparência que exalam um perfume
doce, mas que também exalam um veneno prejudicial. Inteligência para perceber
que há plantas que embora sejam bonitas por fora, não tem raiz alguma; que há
plantas muito bem enraizadas no solo, mas que contaminam e envenenam todo ele,
colocando em perigo toda a sua fertilidade. Sabedoria para perceber que há
plantas que tem raízes profundas, mas que nunca deveriam ter nascido, e coragem
para arrancá-las desde sua raiz, por mais difícil que seja e força que tal
tarefa demande.
Nós somos assim,
como jardins, e precisamos seguir a lógica da jardinagem para sobreviver.
Precisamos ser bons jardineiros para manter o nosso jardim um verdadeiro
jardim. Precisamos ser cultivados dia após dia para não morrer.
E então, como está o seu jardim? Ele é cultivado por
você? Ele é bem cuidado? Ele está em boas mãos? Nele há flores, árvores,
plantas que dão bons frutos? Ou, não há um jardim?
Sem o principal
elemento que dá a vida ao jardim, que faz as sementes transformarem-se em
plantas que darão bons frutos, não há jardim. Se não há o adubo da vida, ou
seja, o amor, não há jardim. Sem o amor, as plantas morrem, os frutos
apodrecem, as árvores caem, e tudo desaparece, transformando-se em um deserto.
Quem não mantém o amor não cultiva o jardim, matando-o. E quem alimenta o
elemento contrário ao amor, mata-o de maneira mais rápida ainda.
Se o amor é o
elemento principal, se é ele o princípio de tudo, então, tudo o que provêm dele
também é bom. Mas tudo o que dele não provém é mau e prejudicial. Portanto, o
jardineiro tem de ser perspicaz, tem que ter olhos aguçados para a maldade e um
coração bom e aberto para o amor e para a bondade. A sabedoria, que é adquirida
ao longo das experiências vividas, é o que fará o jardineiro entender que uma
planta que não deveria nascer nasce, tem de ser arrancada pela raiz. E que
quando algo não cresce como deveria crescer, ou quando algo cresce sem raízes
profundas, assim deve-se proceder da mesma maneira, arrancando. Se tudo o que
restar for um deserto, então, o jardineiro terá que plantar novas sementes. E é
o amor que fará novas sementes brotarem, e é o que fará as transformarem-se em
plantas que darão bons frutos.
Talvez, ao final de
compreender tudo o que se exige no cultivo de um bom jardim, você se dê conta
de que não conseguirá ser um bom jardineiro tão facilmente. Parece uma tarefa
difícil para se fazer sozinho, parece exigir uma sabedoria que só se adquire ao
final da vida e habilidades que só são adquiridas após muitas tentativas e
erros. Mas, não é preciso fazer isso sozinho. Além do mais, não é aconselhável,
nem prudente, e talvez nem mesmo possível. Porque existe um Jardineiro; um
Jardineiro que é um especialista grandioso no cuidado de jardins. Ele costuma
trabalhar ao lado do dono do jardim, auxiliando-o em todas as tarefas. Mas se o
seu dono acabou por descobrir que o seu jardim deve tornar-se um deserto,
arrancando tudo o que nele há para recomeçar novamente, ele deve deixar o
Jardineiro trabalhar sozinho, pois ele é especialista na recuperação e
restauração de jardins. Ele é o único capaz de restaurar o que está morto e dar a vida. Como uma mãe que concebe a vida e como a parteira que traz a vida ao
mundo, o Jardineiro concebe a vida, concretizando-a em um jardim novo.
O dono do jardim
deverá matar tudo o que de ruim há em seu terreno, e em seguida, deverá
permitir que o Jardineiro plante novas sementes. Como o barro nas mãos do
oleiro, deve deixar-se modelar. O Jardineiro sempre consegue restaurar jardins
que estão morrendo e desertos inabitados de qualquer coisa além de escuridão,
basta que confiem nele. Ele consegue porque possui o elemento principal que dá
a vida: o amor. E é esse amor que faz as sementes ressuscitarem na terra,
ressuscitando assim o jardim. Agora, um novo jardim. Se a ressurreição requer a
morte, sempre resulta em vida, e assim o é com todos os jardins que são
comandados pelo Jardineiro. De uma aparente catástrofe, eis que surge a
eucatástrofe. De um deserto, eis que surge um jardim.
Escrito por Beatriz Back
lindo o texto, espero que continue a escrever, não desiste, a um grande problema das pessoas relacionar fatos da própria vida a Deus e as vezes precisamos de um outro ponto de visto sobre uma mesma coisa, torna mais simples aquilo que e difícil de entender, ao contrário de muitas pessoas por se dizerem entendedores da Bíblia, tornarem o evangelho não um alívio mas sim um peso. parabéns
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