terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

ATÉ QUANDO?



No princípio era o Amor, e o Amor se rebaixou ao que era finito para doar-se a si mesmo pelos que eram finitos, libertando-os do fim da morte ao abrir-lhes a porta para a eternidade, para uma eterna comunhão de amor com Ele. A porta está aberta, e Ele nos chama: "Vinde até mim!". E embora sua proposta seja de máxima excelência e satisfação, muitas vezes a imperfeição do homem o induz a recusá-la.
Até quando?
Até quando o homem irá recusar a doce bebida do amor, para tomar o cálice de sua própria destruição? Até quando o homem irá aceitar sujeitar-se à uma vida pobre e materialista, quando lhes é oferecido o paraíso? Até quando o homem beberá da alegria em fontes mundanas enquanto lhes é oferecido beber da alegria diretamente da fonte da alegria? Até quando o homem procurará o amor nas coisas visíveis, quando ele está nas coisas invisíveis e perenes? Até quando o homem manter-se-á diante da porta? O que o impede de entrar?
Mesmo quando lhes é dado a graça de ver e entender a maior prova de amor que já lhe foi dada, o homem recusa-se a aceitá-la por inteiro. O que foi realizado jamais será apagado. A porta que foi aberta jamais será fechada. Porém, o homem tem de decidir passar por ela.
Quem abriu a porta os espera do lado de dentro, no entanto, seu amor é tão grandioso que Ele vem buscar os homens no meio do caminho e levá-los ao que lhes foi preparado. Seu convite é doce, e embora seja como uma brisa suave e um vento impetuoso, ainda chega aos seus ouvidos a triste e firme resposta de recusa, como outrora o foi e deu início a dolorosa separação.
No início não havia o "lado de fora", até abrirem uma porta e fechá-la, levando através dela para fora todos os filhos, exceto um. Dispersaram-se todas as ovelhas do rebanho, até que, o Filho, o Cordeiro, foi imolado para a união de todos. Ele, com seu sacrifício, abre a porta que durante muito tempo estivera fechada e trancada. Desde então, muitos passaram através dela, voltando ao seu verdadeiro lar. Mas muitos ainda estão do lado de fora, ludibriados com o que encontraram deste outro lado. Já outros, estão perdidos e não encontram o caminho de volta para casa. Quando não lhes vem o ceticismo a fazê-los duvidar da casa, suas manchas os fazem recusar o convite. Outros estão feridos, mas principalmente à estes é dado a dádiva de chegarem até a casa. Não por méritos próprios, mas por sua condição os dar o privilégio de receber um auxílio Daquele que tem um coração inteiramente misericordioso.
Até quando continuarão do lado de fora?
O Perfeito sofreu pelos imperfeitos, o Justo sofreu pelos injustos, o Santo sofreu pelos pecadores. E os imperfeitos, injustos e pecadores não reconhecem seu amor. Mas o seu grandioso amor, que o levou a morte, não morreu na cruz. Seu amor nunca morreu, eterno ele é, e incorruptível ele é. Seu amor brota de uma fonte que jamais deixa de jorrar, mas que está sempre se derramando. E quão abençoados e felizes são aqueles lavados pela água que jorra dessa fonte, pois é a água viva, a qual daquele que dela beber jamais terá sede. O amor que jorra dessa fonte sacia o coração humano de forma perpétua e completa. E Aquele de quem vem este amor que se derrama, não desiste de sofrer novamente o calvário para trazer as ovelhas perdidas de volta ao lar. Se restasse apenas uma ovelha, não recusaria beber do cálice para trazê-la de volta ao rebanho. Quão grandioso e espantoso é o seu amor, que morre para dar a vida, que tem misericórdia infinita! Amor que não desiste, mas que nada impõe. Amor que tem pressa, mas espera. Amor que é abundante e constrange.
Até quando resistirão a beberem da fonte? Até quando recusarão as delícias da eternidade para desfrutarem de imundícies terrenas? No entanto, quem manter-se-á firme e com o coração endurecido, quando diante de sua própria miséria reconhecer a sublime e irradiante força da verdadeira Caridade?!
Escrito por Beatriz Back

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